sexta-feira, janeiro 25

Infância...


Minha infância não foi daquelas da qual eu brincava na porta da rua, subia em árvores, fazia carrinhos de madeira pra descer ladeira abaixo, brincava de bette.Definitivamente não foi, fui criada no meio de velhos, fui cedo pra escola, a única árvore na qual eu podia subir era um pé de cereja da minha vizinha que fazia divisa de muro com a minha casa, que quando subi o pé quebrou cai muro abaixo ralando toda, o que restou foi apenas uma marca que dura até hoje.Brincar na porta da rua de maneira nenhuma podia ser atropelada. Não posso dizer que a minha infância foi das piores, eu filha caçula tive alguns privilégios que as minhas irmãs não puderam ter.Estudei em escola particular, tinha roupas boas, vários brinquedos( que de quebra eram todos pedagógicos rsrrsss)convivi com pessoas idosas,mas que eu adorava curtir.Se eu pudesse gostaria de ter elas aqui no plano terrestre de novo comigo, mas elas se foram. Me lembro que quando eu tinha meus sete anos, só tinha pessoas velhas na minha rua, da minha idade só tinha uma pessoa, que raramente brincávamos juntas.Minhas irmãs todas mas velhas que eu, restava somente a Minnie, o Petty e minha Avó.
De inicio estudei em um colégio que ficava de frente em minha casa, depois passei pra um colégio grande da cidade.Nossa pra mim era parte melhor do dia em que eu podia ter.Gostava daquele tempo, que imaginávamos que existia um fantasma no teatro, íamos atrás do ninhos de coruja, e fazíamos campanha pro Cojaque( um cachorro que ficava no colégio) não ir embora.Sem falar do roubar picolé, aprendemos a técnica de passar o picolezeiro pra trás.Era muito bom.
Mas na minha rua, sem duvida tinha pessoas que hoje olhando por um modo diferente do que as via na época, interessante.Seu Jerónimo, Aildo,Dona Ana, dilina, Diva, Maria Alexandrina,Madrinha Jacinta, Dulce, seu Domingos.Se eu for lembrar de todos os velhos da rua vai ser bem extensa.
Mas se eu for citar os velhos que fizeram parte da minha vida e tenho muitas saudades.Tia Izoralda, pensa numa pessoa boazinha, tenho lembranças de indo pra fazenda, passar na velha fazenda rodeada de coqueiros, com uma mina enorme de agua mineral, sem falar que ela fazia farinha, adora ir lá em baixo roubar biju de milho.É como ela contava historias legais, varias vezes ela tinha que dormir na fazenda pra contar. Não gozei muito da sua estadia como minhas irmãs, mas o pouco tempo foi bom.Pena que ela partiu , mas ela sempre vai deixar saudade na minha vida.
Avó Ana, essa eu curti muito pouco, ela partiu quando tinha apenas cinco anos, mas me lembro dela direitinho, sempre ia com minha mãe dar banho nela, numa fase critica de um cancêr que lhe tirou a vida. Mas me lembro dela, deitada na cama fumando, conversando comigo.Não sei explicar mas era fascinada por ela,quem sabe pelo fato dela sempre me dar brinquedos, e conversar comigo.Me lembro dela direitinho, fecho os olhos e a vejo.
Tio Cristiano, pensa num cara alegre, sempre que íamos a Serra, íamos a casa dele, trabalhava com couro, adorava beber e comer carne, mas tinha uma alegria enorme, sofreu muito na vida por amores, amizades, e etc.Mas era uma pessoa que vivia sempre sorrindo, eu adorava ir lá, sem falar que sempre fazia comidas.(Olha gula em pessoa aqui.rsrsrs)
Meu avô Victor, uma pena não ter convivido mas com ele, meu filho nasceu quando fez um ano que ele partiu.Nunca vi meu avô com uma roupa que não estivesse combinando, suja, o cara era extremamente culto. Era rígido, quem sabe pelo fato de ter sido delegado muitos anos, mas ele era de uma inteligência expecional, adora ler.Tanto gostava que no fim de sua vida tinha uma banca de revistas na sua cidade.Falava correctamente sempre, acho que deve se remoer vendo eu assassinar a língua portuguesa.rsrsrsrsrs.
É por fim minha avó,minha base, minha amiga, minha vida.Minha avó não foi uma pessoa estudada, sempre morou na fazenda, mas foi uma pessoa que estudou inglês, francês.Ela tem um português que ate hoje me encanto, sem falar na memoria.O primeiro poema que aprendi a recitar foi ela que me ensinou, ela que me ensinou as vogais, ela que me ensinou a tabuada( e foi difícil!). Acho naum tenho certeza, que grande parte do que sou hoje, vem dela. Dos valores que me ensinou, dos bordados, da comida, de tudo tem o dedinho torto dela.Sou apaixonada por ela, nessa fase que ela vive agora, não gosto de vê-la sofrer, mas como ela mesmo diz, temos que passar tudo, existe razão em tudo.Admiro tanto ela, que ate hoje ela me aconselha.Pra ter noção eu dormi com ela ate meus treze anos, nunca saia de casa porque eu queria era ficar com ela,brigávamos muito na minha fase rebelde, mas ela nunca me bateu ou disse uma palavra que pudesse me magoar.Sempre nas ferias ia as duas pra fazenda, nossa como ela inventava coisas pra fazer, eu morria de preguiça, e ela com o dobro de vitalidade minha, é o triplo da minha idade.Adora contar historias do seu tempo, tenta no máximo preservar as suas raízes, nunca esqueceu de mostrar de onde veio, que tudo que ela tem veio do suor das suas costuras, das lágrimas que foram muitas enfim de todo sofrimento que ele teve, mas que nunca abaixou a cabeça, ou colocou a mão no rosto e foi chorar.Com ela sempre aprendo, sei que na hora que uma das duas partirem primeiro, vai ser uma perda muito grande uma pra outra, o que vai restar vai ser uma saudade imensa.Não me imagino sem ela, é acho que ela também não.Somos dois seres conectados.
Hoje quem faz a sua infância e Pedro e Luiz Felipe, espero que quando os dois alcançarem a maior idade, possam olhar pra trás como eu olho hoje, e ter apenas boas lembranças.

Frase do dia: Nunca deixe para amanhã o que se possa fazer hoje.
Maria Clara de Morais

3 comentários:

kelly disse...

Tá certo! Saudades de quem se foi. Vontade e necessidade de fazer e viver o presente. A vida tem isso, passa rápido, ñ vemos, e de repente o que resta sao apenas lembranças. Que possamos aproveitar nosso tempo. Fazer nossa história e ... deixar boas marcas, como Tia Isoralda, Vovó, etc. Quem faz a estória somos nós. Qual será a nossa? Nossos leitores estao já com 2 anos; temos que agir.

kelly disse...

Cazuza/ Frejat
Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo
Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás

Unknown disse...

Poema feito por cazuza, pra sua avó, muito lindo.Obrigada pelo comentário. é nossos leitores já estam muito a frente de nós pod ter certeza rsrsrss. Beijos